segunda-feira, 12 de julho de 2010

A esterilidade fecunda do ser


O seu olhar
é um plástico
que boia no mangue

centenas de anos...

É uma trepada com camisinha
que não estoura e sem história pra contar.

Estéril fecundidade do esperma.

Amor, seu olhar
é um cristal solto no meu intestino
que fica flatuendo milhares de anos...

É uma trapaça sem filhos.
Mas tenho vigorosos ossos
que, duros, cegos e alvos como porta,
se de-compõe rosto a rosto contigo.

- E nossos filhos?...
Olha-os, são os lírios.

Frágeis como o vidro.
Flácidos como o plástico.
Instantâneos como o grito.
E como o pântano, orgânicos.

Cristalizados num singular silêncio eterno.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A montanha e o rio


Lá longe a montanha
tão calma,
imobilizada no tempo.

Aqui perto um córrego
que escorrega,
se enviesa pelo tempo.

A montanha lá longe
não tem tempo.
Se perpetua impassível...
Mas diante do céu
não se faz sacramento.

E nem é intempestiva à tempestade,
à inundação do rio
que ora nos invade.