Vênus
O amor agora é embalado a vácuo.
Sem distinção, em série, vigiado.
Enfileirado em painéis metálicos;
cravado em finos pinos fálicos.
No varejo ou no atacado o amor é belo.
No crédito ele é mais que um elo.
Mas é no débito que dá tesão,
tal propaganda de televisão.
Lubrificado artificialmente,
tem medo, tem risco e até não se sente.
É desejo contido, por um fio...
Por fina película, dividido.
Assim é nosso amor dia a dia:
comedidos versos, não contagia.