sábado, 29 de dezembro de 2012

Com meu amor


O que vou fazer com meu amor?
Guardá-lo (silêncio de baú),
enrolá-lo em panos amarelados,
como mudo instante que passou?

Inventariar roupas esquecidas,
brancos lençóis e grandes saias
que flutuam varais de lembranças
ao roçar a brisa adormecida?

Irei trazê-lo, embrulhado aos braços,
como aquele pão mal-dormido
na longa insistência do amanhã,
na curta existência do ocaso?

Com meu amor terei borboletas
sem destino. Mas com afinco
ao quieto sentido: vagalumes.
E topo na pedra-destino.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Amor

Contigo minha relação é de silêncio,
de sombras que transpiram no silêncio,
de sombras que se tocam no silêncio.
Do silêncio impalpável das sombras.

De silêncio insondável é feito o oceano,
que se recolhe todo na concha da mão
e se esvai no filete gotejante do tempo
pigmentando a sombra da lembrança.

O silêncio dos sonhos no céu,
o branco silêncio da rosa, das lágrimas,
das sombras das aves, dos lábios tocados,
da palavra formada e jamais alcançada.