sábado, 29 de agosto de 2015

Devaneios

Quem me dera ter um amor
que agora não tenho.
Não para dizer que o tenho
mas para não temer a dor
que neste instante temo.

Quem me dera ter uma dor
que ainda não temo.
Não para dizer - já a entendo!
Mas  desentender o que for
que só se tem sem remo.

Quem não me dera
o que agora tenho.

Latente.
Pulsante.
Quieto.
Silenciosamente quieto.
Na saliência vigente e velada
das vogais brancas dos lençóis,
arfantes mas discretos.

Quem me dera o que se tirou
da razão, do sol e da primavera.
Mas sobeja neste meu coração
de desesperança e espera.
A poesia
é uma
             prótese
dentária.
Você morre
ela
             fica.