sábado, 16 de setembro de 2017



Anel de ouro


Eu entrei na casa do cara e ele disse que eu era o detalhe que só o verdadeiro homem enxergaria. Achei de muita pretenção da parte dele. Mas fingi que ri.  E acho que ele gostou mais do meu riso do que o que dissera.   E não sei se foi por causa disso ou se por que tava em plena forma, mas  teve uma hora que começei a levar as coisas a sério. Seus braços me envolvendo e segurando. A deliberada invasão que se deixa, a resistência sem forças, o esquecer-se, o corpo dele no meu como se tudo fosse uma coisa só. Sem palavras, sei lá...

Não me importa como vocês nos chamam. Mas nós, putas, prostitutas ou garotas de programas,  já estamos acostumadas a escutar histórias sem fim. Que se separou, que o melhor amigo pegou sua mulher, que tá de saco cheio, que o pau não levanta mais, que deu o cu e se arrependeu. Tem de tudo nessa vida. Esse cara que te falei,  por exemplo, era noivo. Disse que ia se casar. Era mesmo, tava com uma aliança enorme no dedo. Mas não dei bola, continuei conversando com o coroa babão que pagava minhas cervejas e tentava enfiar as mãos na minha xoxota. O garoto se encostou no balcão. E ficou quieto. Arranjei um jeito pra me livrar do coroa, chamei uma amiga minha que tava sempre na merda, empurrei ela pro velho e saí do pub. Deu certo, o menino veio atrás, mas não dei muita ideia.

Era um rapaz, bonito, de seus 25 anos, acho que devia fazer alguma academia, pois os braços eram bem definidos e fortes. Mas nada que exagerasse muito. A firmeza do rosto era atenuada por um olhar misterioso e suplicante.
Não era igênuo e soube perguntar quanto era. Acho que senti vergonha. Acho que daria de graça. Mas me valorizei. Ele falou que não tinha tudo isso. Valeu, gato, e saí andando. Tá bom! ele disse. Mas só tenho isso e um pouco de sentimento, falou me agarrando e super excitado. Dei uma chance.

No seu kitnet contou a sua vida. Que ia se casar com uma gordinha rica que amava ele. E ele só gostava dela, e nada mais. Mas que o pai da gordinha achava ele um bom partido e que ia arranjar um emprego de diretoria na empresa, que queria ver sua filha feliz e por isso já tinha até comprado as alianças - e mostrou o dedo. Eu disse que ele tinha que se casar, que era um cara bonito e inteligente, que era o escolhido.

E era mesmo. O cara era bom. Passei até da hora com ele. Enfiava o dedo na minha buceta - como poucos homens sabem fazer -, nos meus cabelos, no meu ouvido, na minha boca. (Tentou enfiar por trás, mas não deixei, não gostava e ainda bem que ele entendeu.) Aí, quando tava gozando, chupei com todo desejo seu dedo, seu anelar direito. E logo em seguida ele gozou e caiu com todo seu peso em cima de mim. Me comprimi e segurei ele como um ursinho. Mas segundos depois - como todo homem faz - se levantou, andou de um lado ao outro no quarto e disse que ia tomar um banho.

Me vesti rapidamente - tenho que confessar, tava com as pernas bambas. Mas me vesti e fui embora sem ele ver.


Cheguei em casa, tomei vodka, comi mamão e ingeri duas cápsulas de lactopurga. Uma hora depois o efeito veio. Sentei na privada e expeli tudo e me senti bem mais leve.

Botei uma luva de borracha amarela, dessas de faxina, peguei a aliança, dei a descarga. Lavei-a. Tava cansada. E acabei dormindo e sonhando com ela no meu dedo. Acho que está na hora de eu me casar - pensei antes de dormir.

Um comentário:

Simone disse...

erótico,vulgar e uma pegada de mistério!! muito bom amigooo cada vez melhor!!