terça-feira, 13 de setembro de 2022

 Não é Apocalipse, é História


Toda euforia técnico-industrial da modernidade - com assegurada comodidade financeira dos burgueses - explodiu pelos ares em 1914. Apesar da reconstrução, a marcha imperialista deu de ombros à 1a Guerra e seguiu otimista. Em 29 um baque financeiro, soergueu-se meio tonta, mas com discursos nacionalistas, xenófobos, disputando mercados - como urubus disputam uma carniça. Até se confrontarem novamente em 39. Mas no pós-45 reiniciou-se tudo novamente. Dessa vez, porém, com mais cautela, pois havia outros agentes antagônicos ao ocidente: URSS e China. O mundo ficou por um fio. Em 89 esfacela-se o bloco soviético. E agora sim! Os EUA exercem uma egemonia sem fronteiras. 

Em meio a tudo isso, no mundo das ideias, surgem termos como capitalismo tardio e pós-modernismo. Este último veio a calhar. Soava melhor e dava ares mais frescos ao que já é antigo: a exploração. Há quem o conteste, dizendo que as práticas são conservadoras. Entre eles: Jameson, Habermans, Eagleton. Outros já são mais entusiastas, Vattimo por exemplo, ou só constatam com algumas reservas: Derrida, Guattari, Deleuze, Lyotard etc. Ocorre, porém, que, se formos pegar um consenso da data da origem do pós-modernismo, já decorreram uns 60 anos. E, a meu ver, a ideia de pós-moderno, já ficou obsoleta. É um produto kitsh. E quem o consome compra uma ideia antiquada. (Se já não nasceu conservadora.) Qual o perigo disso? O perigo é o mesmo o que rondava desapercebidamente os tempos logo anteriores a 1914 ou 39. Tal como naquelas épocas, há uma imensa saturação do mercado, uma insatisfação de quem foi excluído dessa fatia. E hoje o que há? Rússia e China, fortes e renovadas ententes. 

A lição que fica é a seguinte. Uns dos pilares teóricos - se é que podemos falar de pilar numa filosofia que mais liquida do que constrói -, uns dos pilares do pós-modernismo é decretar o fim da história e fazer de conta que as ideologias acabaram, que tudo se vaporiza no presente, que o mundo é só você e sua "pretensa" subjetividade, já que a todo momento ela é transfigurada, colocada em prova, até atingir o niilismo, ausência pop e "nirvânica" do mundo pós. Acontece que a História, relegada a segundo plano, se ressente. E a qualquer hora pode dar seu troco. Não se pode varrer simplesmente para de baixo do tapete aquilo que move nossas vidas e interesses diariamente. Durante séculos, aliás.


Prof. Ivo de Souza 

sábado, 3 de setembro de 2022

Tecelagem



(e)fêm          ur
            e(r)a
                      (a vi)da 
na pele 
na terra
            a-colh(ida)