Para Maria
O poema que faltou no livro
O homem que toca violão
já toca cansado, as cordas
dos anos não lembram as notas.
Mas Maria Guerreira não.
A cega de pote na mão
ausentou-se da esquina.
Moeda ao mar, perdida.
Mas Maria da Luta não.
O Portuga sem balcão
fechou-se em seu bigode.
Voltou a um Porto que já foge.
Mas Maria Augusta não.
Para ti nunca há saudade
nem dor, gripe ou despedida.
Ao fim, o livro se inicia.
Ao início, memória trazes.