terça-feira, 23 de março de 2010

Desapropriação

Se lá fora chovia
e não chove mais.
Se lá fora fazia frio
e não faz mais.
E se aqui dentro
chove, é frio e sem sentido,
não.
Não se arrependa da poesia que você escreveu,
não a amasse,
não a jogue fora.

Tacitamente deixo-a vagar pelas ruas da cidade.

Se você a ver por aí,
com seu mais belo vestido,
tomando um chope com outro no Lamas,
não tenha pranto,
e nem a reclame aos outros,
pois tal poesia não mais te pertence.

Você só a tinha
enquanto aquela sinuosa linha
te insinuava sem ponto final.

2 comentários:

Catarina Cunha disse...

Engenhosa a mutação da palavra criada até o ponto em que toma as ruas.

sissa disse...

interessantes pensamentos dialeticos deste poeta nosso e a que cresce,e se transforma em sua poesia.massa querido.bjooooooo