Mãe e filho
Nesse dia fazia anos. A educação não nos permite lembrar a sua idade; mas garanto-lhe que já estava na casa dos setenta, pois o cansaço das marcas no rosto não foram feitas para nos enganar - nem a nós e nem aos outros.
Nunca tinha falado sobre o tempo; sempre fora uma mulher de vigor. Entretanto, nesse dia, abandonou seu corpo na cama, como quem deixa um copo com água cair.
- Meu filho, o que será de mim dentro de alguns anos?...
Antes que lhe desse um conforto (desses trapaçeiros, mas sinceramente confortáveis), ela subitamente se levantou.
- Vou fazer um café. Quer?
- Sim, respondi difarçando o choro, já sentindo saudade do cheiroso e fresco café da minha mãe.
4 comentários:
Emocionante em suavidade e ritmo.
um conto de almas e cafes,de dias e marés.lindo adorei.
Amei seu poema. A suavidade com que trata este assunto difícil é brilhante.
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