sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mãe e filho


Nesse dia fazia anos. A educação não nos permite lembrar a sua idade; mas garanto-lhe que já estava na casa dos setenta, pois o cansaço das marcas no rosto não foram feitas para nos enganar - nem a nós e nem aos outros.

Nunca tinha falado sobre o tempo; sempre fora uma mulher de vigor. Entretanto, nesse dia, abandonou seu corpo na cama, como quem deixa um copo com água cair.

- Meu filho, o que será de mim dentro de alguns anos?...

Antes que lhe desse um conforto (desses trapaçeiros, mas sinceramente confortáveis), ela subitamente se levantou.

- Vou fazer um café. Quer?

- Sim, respondi difarçando o choro, já sentindo saudade do cheiroso e fresco café da minha mãe.

4 comentários:

Catarina Cunha disse...

Emocionante em suavidade e ritmo.

sissa disse...

um conto de almas e cafes,de dias e marés.lindo adorei.

Carmen Maceno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carmen Maceno disse...

Amei seu poema. A suavidade com que trata este assunto difícil é brilhante.