quarta-feira, 2 de abril de 2014


História, atualidade e contradição


O mundo atual, pós-moderno e pós-estruturalista, não comporta mais dicotomias em diversos ramos do saber e político-econômico, inclusive. Comunismo e capitalismo é uma delas. As relações que vivemos não são mais tão simplistas e duais. Dizer que qualquer governo que tenha o mínimo de estado é comunista  é reduzir as coisas (além de ignorar o conceito do termo) e não ver a complexidade que elas trazem em si, apesar de haver um outro complexo bem maior e de outra ordem, cujo primeiro sintoma surge quando se afirma o que se nega...

Continuando. Se seguirmos essa ótica, poderíamos chamar os EUA de socialista, já que quem segura as crises bancárias de lá é o governo, como o fez em 1929. É sabido também que no socialismo soviético também foi tolerado capital privado (com suas limitadas proporções) durante a "New Economics Polítics". E para essas coisas já existem nomes: keynesianismocapitalismo de estado na china e etc. Assim, de acordo com novas propostas que atendam a demanda da história, outras formas e nomes serão inventados.

Por outro lado, as ideias não se perdem se constroem. Digo isso porque a confusão de opiniões precipitadas e contraditórias - que mais gritam do que analisam pacientemente o fenômeno - está em afirmar que o comunismo permanece em tudo e, ao mesmo tempo, só faz parte da memória.  Dizer que o socialismo não existe mais é o mesmo que dizer que a roda nunca foi inventada. Se temos 13 salário, vale transporte, férias e direito à greve (que muitas vezes, nem todas talvez, são justas e atendidas) tudo isso advém de luta de trabalhadores, que na época da Segunda Revolução Industrial trabalhavam 12, 13, 16 horas diárias.

As ideias não se perdem se complementam, se imbricam e se transformam. Mas não se perdem. Se há, hoje em dia, uma demanda por melhorias por saúde e educação é porque o Estado não está cumprindo com eficácia o contrato social, onde deve haver direitos e deveres. Se há uma demanda por igualdade é porque a riqueza está tomando uma via cada vez mais afunilada, com péssima distribuição de renda. Se há uma demanda por melhoria de qualidade de vida nas cidades (transportes, por exemplo) é porque não se aguenta mais o inchaço urbano, a concentração de gente, poluição e ratos nas grandes metróloles.

A verticalização da economia e dos grandes centros urbanos são modelos que devem ser superados. Talvez aí o socialismo, aliado com outras formas de pensar, pode dar sua contribuição. A ideia principal, por fim, é agregar - e não, segregar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi Ivo,

Gostei muito de sua argumentação.
Lúcida, muito lúcida.

abraços da helô.

Anônimo disse...

Concordo com suas ideias e acrescento ainda que o grande problema não está na questão filosófica deste tema, que também é importante, mas na estrutura da Administração Pública dos governos, que está engessada devido a uma legilação arcaica que não acompanha as mudanças econômicas e tecnológicas que ocorrem atualmente no mundo. E ao meu ver, por culpa das elites, que bloqueiam a maioria dos projetos-lei relacionados a reforma política e tributária que tramitam no poder legislativo há décadas. Abraço, Newton.

Anônimo disse...

Concordo plenamente. Lentidão de 500 e tantos anos. Ivo