A Suzana Vargas
Meu igual
Nicolau gostava de se enterrar
na areia e ficar com a bunda no sol.
Como centro gravitacional do corpo,
dizia toda energia vinha dali.
Essa abundância brutal o faz sorrir.
Já Maria bebia água com purpurina.
Dizia que assim teria o infinito
dentro de si. Todas as estrelas-luz:
cometas e luas e planetas-pós.
Sim. Tê-lo-ia guardado quando bem só.
Eduardo andava de costas na rua.
Pois, para ele, andar de costas é estar
frente a frente com o que já passou.
É ter o futuro bem ali atrás,
como quem cutuca e rouba-lhe a paz.
Mas Maria, Eduardo e mesmo Nicolau,
que nunca se viram, eram iguais.
Separados, juntos na diferença
que equipara já os homens desde cedo:
o medo de se ver outro no espelho.
6 comentários:
Muito bonito e reflexivo...parabéns!
Muito obrigado mesmo!
Gostei muito disso: para ele, andar de costas é estar
frente a frente com o que já passou.
É ter o futuro bem ali atrás,
como quem cutuca e rouba-lhe a paz.
Opa. Valeu, obrigado 😉
Que lindo ! Muito bonito, com seus movimentos e sonoridades... E com o infinito dentro também que isso nunca pode faltar a um bom poema! Parabéns poeta Ivo que eu ainda não conhecia!
Na verdade, bonito mesmo é o trabalho que essa instituição faz em prol da cultura e cidadania. O que vem depois é consequência da semente plantada pela Estação: um belo pomar de poesias e afetos nobres.
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