domingo, 28 de março de 2021

                              Inspirado na música No Céu da Tarde, de Aloysio Neves.


                              Para  Aloysio Neves


Nuvem que passa


Poderia ser um poema

sobre aquele primeiro beijo,

que estalava louco no pátio

do desejo que se desvenda.


Poderia ser um projeto

cujas escalas musicais

violam cordas do horizonte,

atrás do pássaro liberto.


Poderia ser um discurso

com capas, capelos e palmas

ecoadas no ar etílico

da aura do tempo, ao fim do curso.


Poderia ser um pedido

de noivado sob luz de lua,

testemunha silente do ato

em sua permuta de destinos.


Poderia ser uma carta

do filho-bronze que não veio,

do amor de prata que se foi,

do leito da dor que indaga.


Poderia ser sim: o fim.

A falsificação da resposta,

a punhalada do abismo,

cota-céu sob os pés de Caim.


Cenho sem senhas. Fantasia,

antigos carnavais. O pó,

halo sem luz, lustre sem sala.

Nó que pende. Tudo podia!


Porém, nesse dia que invade,

sentado ao ócio da varanda,

só olhava a nuvem que sumia.

E era branca, no céu da tarde.




6 comentários:

Lobo Moraes disse...

Show!!!

Unknown disse...

Mais uma vez, muito bom.

Ivo de Souza disse...

Valeu, amigo!

Simone disse...

Lindo e inspirador adorei sua bela poesia queridoo amigo e porta sempre maravilhoso amoo!!

Simone disse...

Correção amigo e poeta

Ivo de Souza disse...

♥️ Valeu mesmo ♥️