O depois das coisas
Sim. Haverá certo dia
que não se deseja mais
que a exata lucidez do sol
a esquadrinhar as sombras
entre as paredes e memórias
da sua tênue descida.
Sim. Haverá certo dia
que irá valer muito mais
a nudez sem voz do azul
descortinado do céu
que a policromia veloz
do beija-flor audaz.
Sim. Haverá certo dia
que basta uma simples brisa
pra se ter mais aventura
que no cume do Himalaia.
E a lassidão da preguiça
vem pôr fim a bruta luta.
Esse dia será tão certo
como o curso das formigas,
o rezar contas do terço,
o inabalável metal
do sino às seis da tarde
e a fluidez da vogal
sem palavra. Já no berço
circunspecto da idade,
emenda-se os fios da vida
com a certeza da saudade.
3 comentários:
Muito bom, um poema maduro.
Meu amigo grande poeta cada dia melhor e mais surpreendente adorei belíssimo parabéns pela sua linda reflexão
Há tempo de lutar, e tomara que tenhamos o tempos de colher, de colher poeticamente.
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