Lençóis
Melhor darmos um tempo.
Como o sol de meio-dia,
relógio sem ponteiro,
bússola sem norte no azul.
Melhor darmos um tempo.
Olhar o olhar da criança
do qual, ainda que perscrute,
não conseguimos desviar.
Melhor darmos um tempo.
Não aquele de semáforo,
filas, salários de unha.
Mas feito cipós, húmus, sais.
Melhor darmos um tempo.
Não aquele sob marquise,
esperando a chuva passar.
De guimbas, bueiros estômagos.
Não aquele ornado de tédio,
batom sem a carne da boca.
Roupa sem corpo que caiba,
tecida a ouro, no fundo oca.
Melhor darmos um tempo.
Em lençóis submersos,
dar tempo ao beijo solar.
E que o fim reúna o começo.
4 comentários:
Parabéns, poeta Ivo de Souza!!..Poema de sensibilidade.. reflexão!!.. Alertas em muito boas metáforas, ao que está em nós.. a nossa volta, ao mundo. Muito bom!!…👏👏👏👏👏💚💙💖
Obrigado 🌹
Querido amigo e enorme poeta amei sua linda poesia crônica muito bom seu texto como sempre de excelente qualidade e sensibilidade, adorei !!
Muito obrigado!
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