Hoje soube seu nome
Saimon.
Morreu nas pistas
do Aterro do Flamengo
antes que a manhã se completasse.
Não ia aos atos de LGBTQIA+
Não era preto
nem pertencia à tribo alguma.
Como cama, arrumava uns papelões
à frente de uma loja de grife.
Comia as pizzas que
a classe média
deixava-lhe
em gesto purificador.
Tomava umas cachacinhas,
furtava as guimbas do chão.
Não incomodava ninguém.
Nem a manhã,
que se completou
sem nenhum incidente maior,
segundo os jornais
e os pássaros,
cuja migração não pode ser interrompida.
Apenas um colaborador chegou tarde.
Mas, numa retórica que supera o susto
e numa gramática que supera o humano erro,
convenceu o patrão de que não tivera culpa.
- E ainda o capô amassado!
Por pouco não foi mandado embora.
Que alívio!
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