quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Letras e artérias

Escrevo este poema com tintas vermelhas
e as finas linhas que percorrem meu corpo
percorrem sem dor estas brancas telhas
que dão moradia e de descanso, um pouco.

Escrevo este poema com tintas vermelhas.
Essas vermelhas tintas que se afinam
mais longe que as últimas estrelas.
Mas por onde ainda em mim passam, brincam.

Com tintas vermelhas inscrevo-me neste poema
e perco-me em outras moradias
e encontro-me outra vez no mesmo lexema
que se desfaz, amorfo, mas no fim se cria.

Se cria neste espasmo só e vermelho
de esperma, de fruto, de cor que se ia
para a terra fértil e branca do ermo,
do termo eterno do que escrevia.

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