Letras e artérias
Escrevo este poema com tintas vermelhas
e as finas linhas que percorrem meu corpo
percorrem sem dor estas brancas telhas
que dão moradia e de descanso, um pouco.
Escrevo este poema com tintas vermelhas.
Essas vermelhas tintas que se afinam
mais longe que as últimas estrelas.
Mas por onde ainda em mim passam, brincam.
Com tintas vermelhas inscrevo-me neste poema
e perco-me em outras moradias
e encontro-me outra vez no mesmo lexema
que se desfaz, amorfo, mas no fim se cria.
Se cria neste espasmo só e vermelho
de esperma, de fruto, de cor que se ia
para a terra fértil e branca do ermo,
do termo eterno do que escrevia.
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