quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Ruínas

Veja os ratos
nos ralos dos homens,
nos porões, nos buracos.
Roendo um noticiário,
um diário, um retrato.

Ratos ligeiros,
tudo vão destruindo:
papéis, paredes, casas,
cidades.
Os ratos infestaram as cidades,
agem rápidos. No escuro da rua,
correm de um lado ao outro.
tudo lhes serve, seja lixo ou tesouro.

Os ratos vão roendo sonhos.
Roem o sorriso que um dia ficou;
roem a dor que um dia gritou;
roem o silêncio que um dia falou.

O beijo vai ficando em escombros,
suor lágrima lástima saudade,
o cheiro vai ficando em escombros.
O pior de todos os tempos
vai ficando em escombros.
E o melhor sol, com ventos amenos,
vai ficando em escombros.

Em escombros vai ficando o ombro pesado,
o passo cansado, a pele esfolada,
a carne estragada,
que já tragou todo ar nicotinaminado da vida.
E que agora dá vida
aos ratos.

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